Estratégia de Investimento Semanal (16 de fevereiro)

Estratégia de Investimento Semanal (16 de fevereiro)

19.02.2024

Escrito por: Bankinter

Bolsas: “Os bons resultados corporativos continuarão a apoiar umas bolsas que, se rompem, será em alta.”

A semana passada revelou que os sustos são apenas passageiros.- Quando, na terça-feira, foi publicada uma inflação americana superior ao esperado (+3,1% vs +2,9% esperado vs +3,4% dez.), as bolsas encaixaram retrocessos apreciáveis (S&P500 -1,4%; Nq-100 -1,6%; SOX -2%) que, no entanto, foram efémeros porque começaram a recuperar no dia seguinte. No final, a semana ofereceu um saldo em alta na Europa e de ligeiro retrocesso em Wall St., que equivale a lateral de um ponto de vista de conjunto, porque os resultados corporativos continuam a surpreender positivamente e o mercado aceita pacificamente o atraso de descidas de taxas de juros que não são urgentes num contexto de expansão económica, pleno emprego, riscos em baixa e resultados e perspetivas empresariais francamente bons e melhores do que o esperado. A solidez dos fundamentos clássicos do mercado neutraliza qualquer possível urgência de descidas de taxas de juros. Por isso, a semana passada terminou com a imposição de inércia mista, plana, mas não má, como tínhamos estimado que ocorreria por um ou outro motivo, mesmo apesar do susto pela inflação americana de terça-feira. Em relação a esse último ponto, recordamos que temos insistido desde finais de 2023 que a inflação no mundo aumentará ou resistirá a continuar a retroceder ao longo do primeiro semestre de 2024, como efetivamente está a acontecer. E que isso não se tornará nenhum obstáculo sério para os avanços das bolsas, como temos vindo a comprovar nas últimas semanas, mesmo que as yields das obrigações continuem a elevar-se, embora lenta e discretamente. :: Esta semana os bons (e ocasionalmente excelentes) resultados corporativos serão digeridos (e reforçados) perante uma macro americana previsível, inofensiva e continuísta. Com a temporada de publicação de resultados 4T avançada e madura (80% do S&P500 já publicado), o saldo do EPS (Benefício Por Ação) é muito melhor do que o esperado (+7% vs +1,5%), o que permite deduzir que os seguintes trimestres serão revistos em alta, já bons por si só (1T’24 +5,3%; 2T +10,1%; 3T +8,1%; 4T +14,4%), reforçando-se este fator como o principal apoio para a inércia em alta das bolsas. Intervirão conselheiros relevantes de b.c (Kashkari/Fed; Schnabel/BCE), mas o mercado reagirá pouco ou nada, independentemente do que digam, porque com as descidas de taxas de juros cada vez mais longe, as declarações tornam-se ambíguas e até contraditórias. E a macro será fundamentalmente americana, mas inconclusiva, previsível, inofensiva e continuísta: Indicador Adiantado, Confiança do Consumidor, Atas da Fed de 1 de fevereiro, e do BCE de 25 de janeiro, assim como PMIs no mundo. Nesta fase, o mercado está cansado de uma macro que melhora pouco a pouco, afastando-se assim o receio de uma recessão, mas também as descidas de taxas de juros. Hoje, segunda-feira, Nova Iorque está fechada, mas, a partir de amanhã, continuarão com a publicação de empresas como prioridade, como Nvidia, Walmart, Palo Alto, Danone, Nestlé, Telefónica… com aumento do fluxo das europeias. Como o tom será de bom a melhor, as bolsas continuarão a sentir-se seguras e, se rompem em alguma direção, continuará a ser em alta.

Obrigações: “Tratarão de estabilizar-se após o jarro de água fria do IPC nos EUA. Teremos emissões a longo prazo.”

O dececionante IPC nos EUA deitou um novo jarro de água fria sobre as expetativas de descidas de taxas de juros, que continuam a atrasar-se. O mercado situa agora as primeiras descidas em junho, aproximando-se pouco a pouco ao nosso cenário central (setembro/outubro), que temos defendendo há meses. Esta semana, a macro ficará em segundo plano, igual às Atas das últimas reuniões do BCE e Fed, que trarão poucas novidades. Por outro lado, teremos emissões a longo prazo na Alemanha (10 anos), EUA (20 e 30 anos) e Reino Unido (40 anos), que voltarão a testar a vontade de investir. Será provavelmente uma semana de menor volatilidade, em que as obrigações tratarão de estabilizar-se. Intervalo (semanal) estimado T-Note: 4,20%/4,35%. Intervalo (semanal) estimado yield do Bund: 2,30%/2,45%.

Moeda: “Atas sem surpresas (BCE e Fed). Mercado lateral.”

EuroDólar (€/USD).– As recentes referências de inflação nos EUA, que desaceleram menos do que o esperado, voltaram a atrasar as expetativas de descidas de taxas de juros nos EUA, favorecendo uma mínima apreciação do dólar nos últimos dias. Esta semana, não esperamos que as mensagens das Atas das últimas reuniões do BCE e Fed gerem surpresas. Antecipamos um movimento muito lateral. Int. est. (semana): 1,073/1,080. EuroLibra (€/GBP).– Esta semana, Bailey comparece no Parlamento sobre política monetária. A força dos salários complica o controlo do IPC e arrefece a possibilidade do BOE poder relaxar a sua política, apesar da economia ter entrado em recessão. Int. est. (semana): 0,850/0,858. Eurosuizo (€/CHF): Sem grandes referências na Suíça, a melhoria dos PMIs e a Confiança do Consumidor da UE prolongará a apreciação do euro face ao franco. Int. est. (semana): 0,945/0,961. EuroYen (€/JPY).– Depois da economia entrar em recessão técnica, afasta se a expetativa de uma subida imediata de taxas de juros do BoJ. Neste cenário, esperamos nova debilidade do Yen. Int. est. (semana): 161,0/162,7. EuroYuan(€/CNH).– Semana marcada pela reunião do banco central chinês (PBoC). Perante uma economia que continua sem ganhar tração, a expetativa é de uma descida da taxa de referência a 5A. O Yuan deverá depreciar-se. Int. est. (semana): 7,74/7,82.