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Estratégia de investimento semanal (30 Agosto)

30.08.2021

Escrito por: Bankinter

Ações: “Bolsas bem suportadas se a estratégia de saída dos BCs for tão progressiva como parece. Obrigações vulneráveis.”

 

 

Apesar da tensão anterior ao discurso de Powell na 6ª feira em Jackson Hole, as bolsas não bloquearam demasiado e avançaram um pouco mais. O S&P500 alcançou um novo máximo histórico na 4ª feira e subiu +0,9% na 6ª feira (Nasdaq-100 +1,2%). As obrigações estiveram mais vulneráveis, mas limitaram-se a evoluir em zig-zag em estreitos intervalos: 1,25%/1,37% (yield do T-Note) e -0,48%/-0,41% (yield do Bund). Ainda assim, volatilidade mais baixa do que o esperado tendo em conta que as obrigações são o tipo de ativo mais sensível à abordagem da Fed em relação à sua estratégia de saída. O resto de ativos evoluíram de forma algo monótona; sem movimentos relevantes. Esta continuidade benigna deve ser interpretada de forma positiva, sobretudo numa etapa na qual a macro se estabiliza nos níveis atuais em vez de melhorar, o qual seria difícil e quase contraprodutivo porque introduziria medo a um potencial cenário económico demasiado ativo. O que ocorreu na semana passada foi uma das melhores opções que poderíamos ter desejado.

Esta semana ressaca suave de Jackson Hole, emprego americano e mais continuidade benigna.

O desfecho de Jackson Hole ajusta-se tanto ao esperado que é quase aborrecido. Mas é melhor que seja assim. As próximas datas relevantes são os dias 9 e 22 de setembro, quando se reunirão o BCE e a Fed, respetivamente. Do BCE não se espera nada novo sobre a estratégia de saída. Deverá permanecer muito dovish durante tempo indeterminado. A Fed, pelo contrário, deverá ser mais explicita em relação ao ritmo da redução de estímulos depois de Powell ter admitido na 6ª feira que a redução de estímulos deverá ser iniciada caso a economia evolua como até agora, melhorando progressivamente. Este será o foco da atenção e da preocupação do mercado. Será lógico que a Fed de alguma forma informe sobre o ritmo e valor no dia 22, ainda que seja de forma indicativa. Isso é o mais provável.  E assim, voltará a ajustar-se ao padrão mais desejado, o que se traduzirá em mais confiança para um mercado muito suportado tanto pelo lado das bolsas, como das obrigações que praticamente não sofrem apesar da Fed ter começado a defender a sua estratégia de saída. Tudo isto encaixa quase milimetricamente com o padrão de acontecimentos que expressamos na nossa Estratégia de Investimento 3T 2021, publicada em junho:

“Esperamos que a Fed detalhe sobre o tapering em setembro e comece a sua implementação em 2022”.

Devemos estar tranquilos pois os principais bancos centrais do mundo (Fed, BCE, BoJ e BoE) mudaram a sua prioridade de controlar a inflação para o emprego, o crescimento e indiretamente o preço dos ativos (ou seja, os níveis das bolsas e das obrigações). Deixaram de ser estritos vigilantes da inflação para se converterem em promotores do crescimento económico, do emprego e da estabilidade dos mercados de ações e obrigações. Em termos práticos, isto deveria dar certa tranquilidade. Por este motivo, a Fed avaliará muito cuidadosamente os registos de agosto: emprego (6ª feira) e inflação (dia 14); e perante a dúvida, será mais prudente que agressiva; mais dovish que hawkish. Enquanto assim for, o mais provável é que podamos continuar a disfrutar desta continuidade benigna.