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Dar a volta ao mundo a trabalhar

19.05.2023

Escrito por: Ideias que Contam

No século XXI, os nómadas são digitais, cosmopolitas e procuram experiências de trabalho e de lazer distintas. Uma tendência em crescimento, em que Portugal pode marcar a diferença. Conheça os melhores locais para trabalhar sozinho ou em cowork.

 

À semelhança de Willy Fog, protagonista da clássica história criada pelo escritor Júlio Verne, os nómadas digitais querem dar a volta ao mundo. Não o fazem em 80 dias nem num balão de ar quente, como narra o autor do livro, mas procuram locais onde a experiência de trabalho e de lazer possa ser conciliada da melhor forma. Portugal é já um dos países de eleição destes viajantes e são cada vez mais os locais que concorrem pela atração dos trabalhadores remotos.


Portugal foi um dos 40 países que implementaram a iniciativa de vistos Nómadas Digitais, uma autorização de entrada especial para estes visitantes que podem ficar dias, semanas ou meses em terras lusas, um benefício que se aplica àqueles que aufiram de um salário superior a 2800 euros e que viajem a partir de países fora da União Europeia (UE). Desta forma, além de poderem usufruir das características nacionais, abre-se a porta a que possam viajar sem restrições pelos restantes estados-membros da UE. Para já têm sido essencialmente os cidadãos brasileiros, norte-americanos e ingleses a procurar estes vistos, tendo sido emitidas cerca de 500 autorizações de residência especial até maio.


Mas, apesar dos nómadas internacionais serem uma tendência mais visível, por cá também existem cada vez mais pessoas que procuram locais distintos para trabalhar sem sair do país. Com a possibilidade de fazê-lo de forma remota, muitos portugueses aproveitam para passar temporadas em pequenas aldeias ou em locais onde têm segundas casas, ocupando lugar em espaços de cowork que estão a nascer nas regiões, à partida, mais improváveis. O importante para estes viajantes, nacionais ou internacionais é, acima de tudo, a velocidade da ligação à internet e o custo do alojamento. De resto, clima, gastronomia, tradições e património completam a paleta de opções que tornam o país tão atrativo.


Apesar da procura em território nacional ser mais evidente nas grandes cidades, há cada vez mais nómadas a escolher outras regiões do país, como a Madeira – um dos primeiros locais a preparar uma pequena localidade (Ponta do Sol) para receber os trabalhadores remotos –, o Algarve ou a serra da Estrela. Conheça os locais onde pode trabalhar e, em simultâneo, tirar partido de uma qualidade de vida diferente.  

 

Dar a volta ao mundo a trabalhar

 

Lisboa

Na capital, que já foi considerada em alguns rankings internacionais como um dos melhores destinos do mundo para os nómadas digitais, não faltam espaços para trabalhar. O projeto Made of Lisboa divulga alguns desses locais, bem como informação útil para quem chega à cidade para trabalhar de forma remota.
 

Cascais

“It works for you” foi o mote da campanha que a autarquia de Cascais criou para atrair nómadas digitais para os espaços de cowork locais. Durante este ano, a edilidade espera receber cerca de 3000 trabalhadores remotos. Através do DNA Cascais, a cidade está a apostar na atratividade das suas praias, gastronomia e cultura para atrair estes viajantes. 

 

Zona Oeste

Da Ericeira a Óbidos, passando por Alenquer ou Arruda dos Vinhos, o Oeste pode ser o local de eleição para quem procura praia, desportos náuticos, vinho e gastronomia ou natureza. Perto da capital, com bons acessos e qualidade de vida, esta é uma região que está a atrair muitos turistas e agora também residentes temporários para trabalho remoto. 

 

Porto

Na invicta, em 2022, chegaram mensalmente, em média, cerca de 3600 nómadas digitais por mês, de acordo com dados da InvestPorto. À semelhança do turismo tradicional, os profissionais remotos procuram a cultura, a gastronomia e o espírito acolhedor dos portuenses para melhorar a sua experiência. 

 

Aveiro

Junto à ria, a olhar as salinas ou os barcos moliceiros e com os ovos-moles para adoçar a boca, também não falta oferta de coworks e de incubadoras prontos a receber quem visita Portugal para trabalhar e pretende ficar fora dos grandes centros urbanos. Aveiro Hub, Fusion Cowork ou Trilhos da Terra são algumas das opções no distrito de Aveiro

 

Viseu

Mais para o interior, mas igualmente cheio de argumentos para acolher os viajantes em trabalho, o distrito de Viseu tem reforçado a sua oferta de espaços, de incubadoras a coworks. A natureza e os trilhos pedestres atraem os mais aventureiros, mas não falta cultura e património para visitar e boa comida para degustar.

 

Serra da Estrela

A tradição e a vivência de aldeia atraem muitos nómadas digitais à serra da Estrela. Nas Aldeias da Montanha existem coworks, colabs e incubadoras, alguns especializados em áreas relacionadas com os produtos endógenos, como é o caso da lã. Aqui reina o sossego e o convívio com os habitantes locais pode ser muito enriquecedor e uma experiência diferente. 

 

Évora

Apesar de ainda não existir uma oferta concreta e dedicada aos nómadas digitais, a cidade alentejana pretende replicar o modelo da Madeira. Através do Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia (PACT), em parceria com a Universidade de Évora, o objetivo passa por criar as infraestruturas adequadas, recorrendo aos apoios de programas de investimento como o Portugal 2030.

 

Algarve

Mais de três mil horas de sol fazem do Algarve um destino interessante para quem procura a proximidade à praia, ao mar. O sul do país atrai também viajantes que praticam surfe e outros desportos aquáticos e o bom tempo na maior parte do ano ajuda a tomar a decisão. Em Lagos, por exemplo, o projeto Digital Nomads disponibiliza locais para trabalhar, mas ajuda também a encontrar alojamento, aluguer de automóveis e mantém os viajantes informados sobre o que têm para fazer. Um dos membros deste projeto é o alojamento Vila Luz, que conta com espaços para morar e para trabalhar. 

 

Madeira

A primeira Nomad Village nas ilhas portuguesas foi na pequena vila da Ponta do Sol. Criada em plena pandemia, em 2021, numa parceria entre a Startup Madeira e o governo regional, a comunidade já recebeu mais de cinco mil visitantes, que ficam em média três a quatro meses. Ali encontram espaços para trabalhar, atividades direcionadas para eles e uma boa cobertura de rede, enquanto tiram partido do bom tempo e do clima ameno ao longo de todo o ano.

O sucesso do projeto “Nomad Village” foi tão grande que já foi replicado em Machico, Funchal e Santa Cruz e, para breve, a expansão rumará a Porto Santo (Açores) e Cabo Verde.
 

Nómadas digitais


Se deixou seduzir-se por um destes locais, pegue no computador e trabalhe com liberdade geográfica, um estilo de vida cada vez mais procurado por quem gosta de viver experiências novas e marcantes.